Carne de bode e leite de cabra estão cada vez mais chiques
Para acompanhar demanda, produção de caprinos cresce quase 8% na Bahia; conheça os benefícios dos produtos
A etiqueta na embalagem confirma o preço: R$ 180. É quanto custa um quilo do queijo de cabra produzido na Bahia e vendido em uma das mais famosas padarias de Salvador. Mas não é só lá, os caprinos também estão valorizados em muitas lojas de produtos especiais e gourmet. Em alguns boxes da ceasinha do Rio Vermelho eles já ocupam muitos espaços. “A procura aumentou 50% nos últimos dois anos.
O queijo de cabra tem menos lactose que o queijo de vaca, então muita gente compra”, diz Zuita Souza, administradora do Armazém Mandacaru. O box comercializa mais de cinco tipos de queijos de cabra fabricados no município de Castro Alves, no Recôncavo. Do queijo minas frescal ao chèvre, aquele com formato de pequenos rolinhos macios. Os preços variam de R$ 26 a R$ 95.
É incontestável: os caprinos estão cada vez mais fortes, e em expansão. Eles já formam um rebanho de quase 3 milhões de cabeças só na Bahia. Compõem um segmento da pecuária que cresceu 7,9% no último ano, segundo o IBGE. Ao contrário do rebanho bovino, que caiu mais de 3% e do suíno que ficou quase 9% menor. As cabras e bodes subvertem a ordem ao se multiplicar em pleno tempo de seca e de crise econômica. Só em 2017, o estado passou a ter 218 mil caprinos a mais, de várias raças.
O rebanho volumoso reafirma a resistência do animal considerado um dos símbolos do Nordeste. Ele se adapta facilmente ao clima difícil da região e é capaz de sobreviver enfrentando longos períodos com pouca água. Uma das razões para a bemsucedida adaptação é simples e envolve botânica. Das quase 600 espécies vegetais da caatinga, cerca de 70% podem ser usadas na dieta dos ruminantes. Eles comem de tudo: das plantas de porte alto, como a algaroba e o sabiá, até os espinhosos carrapicho e mandacaru.
Queijo feito com leite de cabra tem menos lactose; procura pelo produto tem aumentado (Foto: divulgação) |
Bahia
Atualmente existem produtores de derivados de cabra em várias partes da Bahia. A maioria se concentra nas regiões de Juazeiro, Irecê, Valente, e nas áreas ao redor da Região Metropolitana de Salvador. A exemplo da Fazenda Kadosh, em Vila de Abrantes, na zona rural de Camaçari, que sempre foi especializada na criação de coelhinhos e porquinhos da índia e tinha uma criação de caprinos improvisada. Há quatro anos os donos decidiram investir na produção de queijos especiais de cabra. O capril profissional começou com 23 animais e já conta com 100 cabras das raças Saanen e Toggenburg.
“Nós produzimos atualmente mil litros de leite de cabra por mês. Compramos ainda outros mil litros de parceiros da cidade de Várzea Nova. Mas queremos produzir mais 600 litros por dia”, diz a laticinista Kátia Santa Rosa, que administra o negócio junto com os pais.
Este ano, o laticínio conquistou o selo de inspeção estadual e a licença para produzir queijos e iogurtes com leite 100% de cabra. Por mês já são produzidos 150 quilos de queijos boursin, coalho e do reino. E a produção não para de avançar.
“Nós acreditamos muito neste setor. Temos todas as ferramentas para evoluir. O mercado está aberto a novidades. Fornecemos para restaurantes e hotéis, e agora estamos também com serviço de entrega a domicílio”, afirma Kátia Santa Rosa.
O quilo do queijo custa R$ 85 reais. Mas a peça com 290 gramas, sai por R$ 25.
A raça saanen é a preferida dos produtores baianos por causa da produtividade e adaptação ao clima do estado (Foto: Divulgação) |
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