A cerimônia antes da cremação do corpo da ciclista baiana Alexia Suelen, 24 anos, foi marcada por forte comoção de amigos e familiares, na manhã desta quinta-feira (22), no Cemitério Jardim da Saudade, em Salvador. Os presentes, em sua maioria vestidos de branco, rezaram em lembrança da vida da jovem, morta em um acidente em Natal (RN), no dia 14 de junho.
Alexia foi atropelada por um motociclista quando trafegava pela ponte Newton Navarro. Segundo a família da jovem, testemunhas contaram que o homem tentava evitar um radar de velocidade no momento em que atingiu a vítima. A jovem fazia parte de uma expedição que saiu da Bahia com destino ao Alasca.
" Ele [motociclista] achou que a vida de minha filha valeria um pouco menos do que a multa que ele pagaria. Isso significa que ele poderia ter evitado tomar essa multa se tivesse seguido a regra e talvez a situação não acontecesse. Eu queria que as pessoas se reeducassem sobre isso", desabafou o pai de Alexia, Luciano Luka Van Pettens
"Ela queria se sentir livre. Nos últimos dias, ela entrou de cabeça nisso e se iluminou. Graças a Deus, ela conseguiu encontrar amigos que orientaram ela nessa busca e ela estava muito feliz. Ela vai continuar sendo a razão da minha vida. Quero agradecer a todos que nos acolheram, os ciclistas e motociclistas. Infelizmente, o acidente ocorreu por conta de uma imprudência. Só peço a ele que medite sobre o que aconteceu. A cremação foi uma vontade dela", contou Solange Alves, mãe da jovem.
A prima da jovem, Taís Martins disse, durante a cerimônia, que Alexia vai deixar a alegria como lembrança. "Ela só trazia alegria para a gente. Mas ela não queria ficar aqui, queria estar viajando".
A família ainda não tem detalhes sobre a causa do acidente. "A filmagem não pegou direito e não deu pra ver muito. Ela caiu de cabeça e teve traumatismo. Não deu pra ver na câmera quem era [o motociclista que a atropelou]
"Ela gostava de bicicleta desde criança. Ela pediu e a mãe deu. A última vez que eu a vi tem 10 meses, quando meu filho nasceu. Ela brincou com ele o dia todo, como se tivesse se despedindo porque não ia poder ver de novo", lamenta.
Caso
Alexia morreu no hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal, no sábado (17), onde estava internada desde a quarta-feira (14), após ser atropelada por um motociclista na ponte Newton Navarro, que liga as zonas leste e norte da cidade.
Em entrevista a Inter TV Cabugi, filial da Globo no Rio Grande do Norte, minutos antes de ser atingida pela moto, Alexia falou sobre a viagem que realizava. "Por mais que tudo estivesse bem, e tudo na minha vida estivesse dando certo, aos olhos de outras pessoas, dentro de mim, eu sentia tristeza, me sentia infeliz. Certo dia eu resolvi que não era isso que eu queria para minha vida e comecei a buscar o que poderia me fazer feliz de verdade", disse a jovem.
Após o acidente com Alexia, os pais delas chegaram a Natal na sexta-feira (16). No sábado (17), eles foram informados da morte cerebral da filha.
Infelizmente, a gente não cria os filhos para a gente, cria para o mundo. Eu não podia deixar ela debaixo das minhas asas, eu tinha que deixá-la livre. E foi o que eu fiz. É traumático, mas foi preciso. Ela precisava fazer essa busca e ela fez. Ela morreu feliz", disse Solange Alves, mãe de Alexia, após a morte da filha.
O pai da jovem, Luciano Luka Van Pettens, também falou sobre a morte da filha, e sobre as possíveis causas do acidente. "Eu não quero saber para não ter espaço para sentir raiva dele, porque minha filha era pura e não sentia raiva de ninguém. Eu não vou manchar a memória dela sujando meu coração com raiva de alguém. Então, ele por mim está perdoado e eu vou rezar pedindo para ele se iluminar e conseguir compensar", declarou.
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