Por Dr Aurélio Miguel, graduado pela Universidade Católica do Salvador (1971). Atualmente é advogado - Escritório de Advocacia Aurélio Miguel. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Público.
Hesitei muito em publicar essas mal traçadas. Afinal vivemos um momento histórico sombrio, onde o confronto civilizado de ideias está sendo substituído por um escoicear primitivo e sectário. As pessoas não mais debatem; se agridem! Não argumentam; insultam-se!
Entretanto, toda omissão nesse contexto tipifica um ato de covardia.
Então vamos lá:
O primeiro ex-presidente da República Federativa do Brasil, condenado por corrupção, reiteradamente tem se comparado a Jesus Cristo, Nelson Mandela, Ghandi e a outras personalidades que ajudaram a mudar positivamente o rumo da história.
Pois é!
Não comentarei, por razões óbvias a pretensão do ex-presidente de se igualar a Cristo e a Ghandi. Vou me limitar a comparar fatos vivenciados pelo ex presidente e Nelson Mandela.
Mandela, tão só na Ilha Robben, foi encarcerado durante 18 anos, acusado de participar da luta armada objetivando derrotar o regime racista e opressor instaurado na África do Sul.
Mandela não foi acusado de corrupção.
Mandela, durante 18 anos, foi submetido a trabalhos forçados, em condições das mais brutais que um ser humano poderia suportar.
O ex- presidente ficou detido, durante 30 dias e, em algumas noites, dormiu no confortável gabinete do então diretor do DOPS Romeu Tuma.
O tratamento recebido pelo ex- presidente, durante sua prisão, não pode ser comparado ao dispensado a Wladimir Herzog.
Mandela, não obstante padecer por 27 anos encarcerado, 18 dos quais submetido a trabalhos forçados, não recebeu qualquer tipo de reparação financeira.
O ex –presidente, por conta de 30 dias de prisão recebe, mensalmente, valores perpétuos .
Mandela promoveu mudanças qualitativas na vida do seu povo, unificando um país extremamente diversificado, que conta com duas línguas oficiais e mais doze dialetos tribais.
O ex-presidente cristalizou os abismos sociais e fomentou as discórdias.
Mandela, por força do exemplo, contribuiu para o crescimento da consciência política do seu povo.
O ex -presidente cooptou o lumpesinato e corrompeu os movimentos sociais.
Mandela estimulou o debate, a tolerância, o diálogo, objetivando a superação de uma conjuntura perversa.
O ex-presidente semeou a intolerância e o sectarismo.
Mandela cultivou a humildade.
O ex- presidente promoveu o culto à personalidade.
Os fatos excluem subjetivismos.
Menos, senhor ex-presidente!
Mesmo sob uma perspectiva tolerante e permissiva, Vossa Senhoria não pode se ombrear, no plano da integridade, a um Chico Pinto, a coragem de um a Gregório Bezerra, a determinação de Helenira Nazaré, Osvaldão, Dina, Dermeval e Suely Kanayama- só para citar alguns exemplos- muito menos, no aspecto da coerência, a Manuel Conceição, de Pindaré Mirim, que um dia lhe puxou as orelhas, escrevendo o seguinte:
“ Companheiro, tudo precisa ter algum limite e tal limite é a nossa dignidade. O que está sendo imposto a nós petistas do Maranhão extrapola todos os limites da tolerância e fere de morte a nossa honra e a nossa história”.
Sr. Ex- presidente:
Talvez, Vossa Senhoria possa se comparar a Juan Domingos Peron, outro caudilho e personalista, por obvio!
Um Peron sem Evita, claro
Um comentário:
Parabenizo o postura tomada pelo Sr. Advogado Dr. Aurélio Miguel. Essa deveria ser a visão de todos nós Brasileiros, para darmos um basta em tantas desatinos cometidos por uma classe que deveria dar bons exemplos e não enlamear o nome do nosso país.
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