RIO — O advogado Francisco Zavascki, filho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, morto na queda de um avião bimotor no mar em Paraty (RJ), alertou neste domingo para a criação de perfis falsos em nome dele na internet. Ele pediu cuidado ao que outras pessoas estão escrevendo como se fosse ele e pediu ajuda aos amigos para denunciar os perfis falsos. (Verdades e mentiras nas redes sociais)
Desde a morte de Teori, um personagem central no momento político nacional, no auge da operação mais emblemática já vista no país, notícias falsas estão sendo divulgadas pelas redes sociais. São várias especulações sobre as causas do acidente, ainda sem evidências concretas. A desconfiança “virtual” é de que o ministro do Supremo não foi vítima de um acidente, mas sim de uma atentado.
Em um dos perfis falsos do filho de Teori no Facebook, que alerta ser não oficial, o autor diz que uma fonte anônima da aeronáutica comunicou que investigadores do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) identificaram que a gravação entre o piloto da aeronave e a torre de controle tinha sido apagada.A notícia, que também se espelha em outras redes sociais, é falsa.
Esse mesmo perfil também informa erroneamente que técnicos da Aeronáutica suspeitam que um sargento chamado Marcondes, filiado a um partido político, teria orientado o piloto a descer a uma altitude não recomendável para as condições climáticas, causando desorientação visual ao piloto.
Em outro perfil falso com o nome de Francisco Prehn Zavascki, o autor, não identificado, compartilha uma imagem que mostra uma foto de Teori e um texto que diz que a probabilidade de um avião cair seria de 1 e 1,2 milhão, e pergunta: Qual a chence de isso acontecer com o único responsável pela Lava-Jato no STF prestes a homologar uma delação bomba? O dono do perfil ressalta que não está acusando, "Apenas sou a favor que a justiça seja feita".
As investigações estão sob responsabilidade da Aeronáutica e da Polícia Federal, que ainda não revelaram, por exemplo, o conteúdo da caixa de voz, fundamental para elucidar o acidente. A aeronave ainda será retirada do mar pelo Grupo Emiliano, dono do aparelho que caiu em Paraty, por determinação da Aeronáutica, amparada em legislação descrita em nota oficial. Não há prazo para o término dos trabalhos, mas os julgamentos já proliferam na rede.
Francisco Zavascki ficou conhecido nas redes sociais ao usar seu perfil no Facebook para dar informações sobre o acidente com o pai dele. Além de ser o primeiro a confirmar que o ministro Teori Zavascki estava no avião que caiu em Paraty, ele também comunicou a conformação da morte do pai pela rede social.
Para a psicóloga do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática da PUC-SP Luciana Ruffo, essas teorias sobre atentado contra o ministro do Supremo cresceram rapidamente porque encontraram amparo num sentimento social forte, de que a Lava-Jato está sempre ameaçada por interesses de poderosos. As redes sociais, explica, acabam ajudando nesses casos a transformar pensamentos individuais em teses coletivas.
— Esse fenômeno cresce quando encontra pontos que estão no imaginário coletivo. Hoje no Brasil a população acredita que há interesse de muitos políticos em acabar com a Lava-Jato. Isso está muito forte nas pessoas. Então, quando acontece um acidente como esse, as redes sociais viram terreno fértil para extravasar — afirma Luciana. Nesses fenômenos virtuais, acrescentou, não há comprometimento com a credibilidade das fontes.
— Basta um pescador ter dito que viu fumaça saindo da turbina do avião para isso virar comentários de que o avião foi alvo de uma bomba e por aí vai — diz a psicóloga.
— Na verdade, muitas pessoas vão buscar elementos que comprovem a teoria delas e ignoram aqueles que são discordantes. Isso é reflexo da imaturidade do brasileiro no uso das redes sociais — comentou a especialista em mídia social Fernanda Musardo.
— Esse fenômeno cresce quando encontra pontos que estão no imaginário coletivo. Hoje no Brasil a população acredita que há interesse de muitos políticos em acabar com a Lava-Jato. Isso está muito forte nas pessoas. Então, quando acontece um acidente como esse, as redes sociais viram terreno fértil para extravasar — afirma Luciana. Nesses fenômenos virtuais, acrescentou, não há comprometimento com a credibilidade das fontes.
— Basta um pescador ter dito que viu fumaça saindo da turbina do avião para isso virar comentários de que o avião foi alvo de uma bomba e por aí vai — diz a psicóloga.
— Na verdade, muitas pessoas vão buscar elementos que comprovem a teoria delas e ignoram aqueles que são discordantes. Isso é reflexo da imaturidade do brasileiro no uso das redes sociais — comentou a especialista em mídia social Fernanda Musardo.