por Fernando Duarte
Foto: Montagem/ Bahia Notícias
O que o noticiário político da Bahia mostrará amanhã talvez seja um das coisas mais difíceis de prever. Nos últimos dois dias foram tantas mudanças de cenário que qualquer analista a tentar cravar o dia seguinte incorrerá em erro. A começar pelo destino político do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). Somente ontem o gestor da capital baiana assumiu ser candidato, desistiu de ser candidato e desistiu de desistir. E, nesse vai não vai, o jornalismo praticamente se tornou um exercício de futurologia tão preciso quanto a consulta diária que crédulos fazem no horóscopo. Ao que se sabe, o prefeito teria um desejo recôndito de terminar o mandato, passar seis meses estudando inglês e se candidatar ao governo somente em 2022. Entretanto, até para políticos relativamente poderosos, querer não necessariamente significa poder. A véspera do dia D para o lançamento de uma eventual candidatura incluiu uma peregrinação de aliados para tentar convencê-lo de que disputar as eleições em 2018 é a melhor alternativa possível. Não conseguiram garantir que ele será candidato e a decisão final ficou, efetivamente, para os minutos finais do jogo político. ACM Neto perdeu o controle absoluto da narrativa, porém conseguiu manter o protagonismo no processo político: independente de ser candidato ou não, a decisão caberá exclusivamente a ele. Bem típico do perfil dele, que não esconde o desejo de ser o ator principal nos discursos em que profere. Porém as manchetes políticas da Bahia não ficarão restritas ao prefeito. Desde a última quarta-feira (4), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também voltou a ser um personagem importante do noticiário. Entretanto, numa posição bem menos favorável. Começou a semana com a possibilidade de mais um salvo-conduto até o processo dele ser julgado no Superior Tribunal de Justiça e terminou com um decreto de prisão para cumprir a pena de 12 anos e um mês, devendo se entregar até as 17h de hoje. Assim como ACM Neto, Lula sempre buscou ter um controle absoluto sobre o próprio destino. Conseguiu convencer e arrastar multidões, independente de ser culpado ou inocente, com discursos contundentes e repletos de autorreferências. Todavia, nem nas novelas mais mirabolantes, era previsto que o dia 6 de abril poderia incluir no currículo do ex-presidente o papel de prisioneiro. Esta sexta-feira, normalmente um dia fraco do noticiário político, terá um destino diferente. Será bem agitada. E, diferente de outras semanas comuns, não deixará que saibamos as manchetes de sábado antecipadamente. O horóscopo talvez seja a sessão a trazer informações mais precisas do que esperar de amanhã. Este texto integra o comentário desta sexta-feira (6) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM e Clube FM.
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